O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou à capital chilena, Santiago, na noite de domingo (3). No país latino-americano, o petista cumpre uma série de agendas oficiais em meio a discordâncias com Gabriel Boric, presidente do Chile, com relação às eleições na Venezuela.
Resumo: a visita oficial não é necessariamente para tratar do reconhecimento à reeleição de Nicolás Maduro (o pleito foi no domingo, 28), mas o líder da República deve ser questionado sobre. Apesar de ser considerado uma representação de esquerda, Boric afirmou, já no dia seguinte às eleições venezuelanas, que os resultados eram “difíceis de acreditar”, enquanto o governo brasileiro tem procurado uma solução diplomática com outros países, caso de Colômbia e México.
A postura frente a Maduro é de não reconhecer sua reeleição, mas pedir uma verificação imparcial dos resultados da eleição, com a apresentação das atas de votação. Entretanto, da última vez que foi pressionado sobre o assunto, Lula avançou este sinal. Afirmou não ver “nada de anormal” na realização do processo eleitoral no país.
Tal fala teve uma repercussão negativa (ofuscando ainda uma ligação entre Biden e Lula) e desde então o presidente tem sido comedido. Dois dias depois do telefonema, Washington decidiu reconhecer o principal opositor, Edmundo González (que diz ter tido mais de 60% dos votos), como presidente eleito na Venezuela.
Moral: o Planalto tenta agora não ofuscar os acordos do dia, mas o petista deve ser questionado pela imprensa. No país, disse a jornalistas que só comentaria sobre após reunião bilateral com Gabriel Boric. "Amanhã falaremos. Depois da reunião com o chefe de estado eu terei imenso prazer de falar com vocês", disse o presidente a jornalistas em sua chegada ao hotel.
O Chile, assim como a Colômbia e o Brasil, é diretamente afetado pela crise política no país vizinho, principalmente pelo êxodo de venezuelanos. Estima-se que, sozinho, o Chile tenha recebido 530 mil pessoas que buscam condições melhores fora da gestão de Maduro (que está no cargo de 2013).
Os presidentes latinos já possuem um histórico de desencontros. Em 2023, estiveram na Cúpula Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), onde divergiram sobre a posição que deveriam tomar frente ao ocorrido na Ucrânia. Na visão do Chileno, autoridades latino-americanas que não concordaram com a menção à Rússia no comunicado final do encontro - rechaçando a invasão ao país vizinho — estavam errados. Lula reagiu e o chamou de "sequioso e apressado".
A viagem tem como objetivo celebrar acordos entre países que estão prontos desde maio, quando foi adiada devido à crise climática causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Deverão ser assinadas cooperações a quase 20 setores da economia, indo desde direitos humanos à ciência e tecnologia. Lula também se encontrará com as outras autoridades do país como os presidentes do Legislativo e da Suprema Corte chilena, além do CEO da Latam, Roberto Alvo, ainda no dia de hoje (5 de agosto). Nesta segunda, ele e mais 10 ministros — dentre, Carlos Fávaro (Agricultura), Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) — serão recebidos com as honrarias tradicionais a chefes de estado.
O Brasil é o terceiro país que mais exporta para o Chile (sobretudo, petróleo, carne e veículos), enquanto este é o quinto do qual o Brasil mais importa (principalmente, cobre, peixe e outros minérios).
+ 8h40: entregou flores no monumento ‘Al Libertador Bernardo O’Higgins’, símbolo da independência chilena;
+ 09h: chegada ao Palácio de La Moneda, sede do governo chileno;
+ 09h20: reunião privada com o presidente do Chile, Gabriel Boric;
+ 09h45: fotografia oficial
+ 10h: reunião bilateral com o presidente chileno Gabriel Boric;
+ 11h: cerimônia de assinatura de atos (especula-se serem 17);
+ 11h15: Cerimônia de troca de condecorações;
+ 11h30: declaração conjunta à imprensa;
+ 11h45: cerimônia de condecorações;
+ 12h: almoço oferecido pelo presidente Boric a Lula;
+ 13h35: visita ao presidente da Suprema Corte do Chile, ministro Ricardo Blanco Herrera;
+ 14h: visita aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados chilenos;
+ 16h15: audiência com o secretário-executivo da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, da ONU), José Manuel Salazar-Xirinachs;
+ 17h: audiência com o CEO da Latam chilena, Roberto Alvo;
+ 17h30: encerramento do fórum empresarial Chile-Brasil (reunião entre investidores de ambos os países);
Fonte: https://sbtnews.sbt.com.br/noticia/pol%C3%ADtica/lula-no-chile-encontro-com-presidente-acontece-em-meio-a-discordancia-com-reeleicao-de-maduro