Estados Unidos, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e mais seis países rechaçaram "categoricamente", em comunicado conjunto nesta sexta-feira (23), o reconhecimento da reeleição de Nicolás Maduro pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela. Na quinta-feira (22), a Corte local reconheceu o resultado proclamado por Maduro na eleição de 28 de julho.
Distanciando-se das solicitações internacionais, o TSJ, respaldado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE, o equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral brasileiro), não apresentou a contagem dos votos. “A não publicação das atas e a subsequente recusa em realizar uma auditoria imparcial e independente" foi a principal justificativa dos países que contestam a manifestação da Corte eleitoral.
“A Missão Internacional Independente para Determinar os Fatos sobre a República Bolivariana da Venezuela alertou sobre a falta de independência e imparcialidade de ambas as instituições, tanto a CNE como o TSJ”, apontou a nota do governo uruguaio. Assinam o documento, além dos já citados, também: Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Peru e República Dominicana.
“Continuaremos a insistir no respeito pela expressão soberana do povo venezuelano que se pronunciou de forma pacífica e contundente [...] no mesmo sentido, manifestamos a nossa profunda preocupação e repúdio às violações dos Direitos Humanos perpetradas contra cidadãos que exigem pacificamente o respeito ao voto dos cidadãos e o restabelecimento da democracia”, afirma o comunicado.
O Brasil ainda não se manifestou após a sentença do TSJ, e, ao que tudo indica, deve fazer um comunicado conjunto com a Colômbia sobre a decisão. Mas também não reconheceu o pleito e ainda aguarda a publicação das atas.
Já o porta-voz adjunto do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel, afirmou em nota separada que a decisão proferida nesta quinta (22) “carece de credibilidade, dada a evidência esmagadora de que González [principal opositor de Maduro] recebeu a maioria dos votos”. Disse que o momento é para que partidos políticos iniciem uma transição “respeitosa e pacífica de acordo com a lei”.
“Tentativas contínuas de alegar vitória de forma fraudulenta para Maduro só vão exacerbar a crise em andamento. Os Estados Unidos pedem que Maduro liberte aqueles que foram detidos por exercerem seu direito à liberdade de expressão”, escreve Patel em nota oficial.
Afirmou ainda que o país norte-americano está "pronto" para "apoiar um processo inclusivo, liderado pela Venezuela, para restabelecer as normas democráticas".